LP Raul Seixas Novo Aeon Disco Vinil Reedição 1985 Philips
Novo Aeon é o quarto álbum de estúdio solo de Raul Seixas, lançado em 12 de novembro de 1975 pela gravadora Philips Records e gravado entre 1º de setembro e meados de outubro de 1975 nos Estúdios CBD, no Rio de Janeiro. Este disco representou uma mudança de postura de Raul Seixas - após os problemas que levaram ao rompimento com o seu então empresário, Guilherme Araújo - com o corte de seu cabelo, menos símbolos no material do álbum e menos misticismo nas letras, que passam a refletir mais os problemas do cotidiano.
Após o estrondoso sucesso de Gita, Raul rompe com o seu empresário, Guilherme Araújo - responsável pela imagem dos tropicalistas no final da década de 1960 e início da década de 1970 -, por não concordar com o modo como a sua imagem estava sendo apresentada, através de uma construção extravagante e agressiva, baseada na superexposição através de práticas arrojadas de marketing, algo incomum na época. Assim, a quantidade de simbologias em seus discos diminuem (a quantidade de símbolos e misticismo nas letras: por exemplo, esse será o penúltimo disco com o selo da "Sociedade Alternativa", voltando a aparecer somente em seu último disco como artista solo, A Pedra Do Gênesis, de 1988), bem como as entrevistas e o uso da imagem para impactar, para chocar (Raul passa a cortar mais curto o seu cabelo).
Em maio de 1975 - época do relançamento de seu álbum de covers de rock, Os 24 Maiores Sucessos Da Era Do Rock, Raul retirou-se para a Bahia afim de compor canções para um novo álbum de estúdio. Em meados de agosto do mesmo ano, o compositor baiano já tinha as canções e todo um projeto para o álbum vindouro. Deveria chamar-se Opus 666 e ser uma espécie de continuação de Gita. O cantor embarcaria em uma viagem para os Estados Unidos - a fim de resolver problemas pessoais e fazer shows - e deveria começar a gravar em 1º de setembro. As sessões de gravação realizaram-se nos antigos Estúdios CBD (a gravadora estava em processo de mudança para os novos Estúdios Phonogram de 16 canais, na Barra da Tijuca, mas as sessões de gravação nesses novos espaços só começariam em dezembro de 1975) e correram bem, terminando em meados de outubro, quando Raul fez nova viagem para Nova Iorque. O disco seria finalizado (mixagem e pós-produção) sem a presença do cantor baiano e deveria estar pronto para comercialização no mês seguinte.
O álbum foi lançado em 12 de novembro de 1975 - em LP e fita cassete - pela gravadora Philips com uma boa divulgação, atingindo vendagens da ordem de 60 mil cópias. Juntamente com o disco foi lançado um compacto duplo. Também, Raul gravou dois clipes musicais para o programa dominical da Rede Globo, o Fantástico ("Tente Outra Vez" e "A Maçã"). O lançamento deste álbum representou uma baixa nas vendagens dos álbuns de Raul que vinham crescendo constantemente desde o seu álbum de estreia, passando pelo recordista que foi Gita, com mais de 140 mil cópias vendidas. Em retrospectiva, a divulgação foi considerada problemática pela gravadora que considerou um erro não lançar uma canção de trabalho com uma grande antecedência em relação ao lançamento do álbum, como havia feito nos últimos dois discos de Raul (com "Ouro de Tolo" - lançada em maio de 1973 - e "Gita" - lançada em julho de 1974). Outra razão para as baixas nas vendas foi uma pretensa falta de foco de Raul, que não esteve disponível para eventos de divulgação - aparições em programas de rádio e tv, bem como shows - em uma época considerada essencial para a promoção do trabalho. Este seria o último álbum de Raul na Philips produzido por Marco Mazzola, já que o produtor se mudaria para a WEA juntamente com André Midani, sendo essa uma das razões, inclusive, para Raul trocar de gravadora em meados de 1977.
A recepção da crítica foi majoritariamente fria, com a exceção de alguns poucos críticos mais identificados com o rock feito no país na época. As críticas ao disco de Raul centraram-se na sua tentativa de fazer rock no Brasil - embora não seja correto dizer que Raul compõe somente neste estilo - o que conferiria à sua obra um caráter popularesco e "subdesenvolvido" (por querer imitar o desenvolvido ao invés de criar sua própria música em pé de igualdade). Também, suas mensagens místicas - completamente estranhas aos temas da MPB - afastavam os críticos, embora elas tenham se reduzido neste disco. Outra razão para a reação da crítica deve-se ao fato de que as boas reações à sua música sempre vieram e continuariam a vir somente a reboque do sucesso comercial que ela produzia - uma cobrança que sempre irritaria Raul.
Este álbum não alcançou o mesmo sucesso de Gita, sendo considerado um fracasso comercial. Apesar disso, canções como "Tente Outra Vez", "A Maçã", "Tú És o MDC da Minha Vida" e "Eu Sou Egoísta" fazem de Novo Aeon, um dos discos mais célebres de Raul, e atualmente, um dos mais queridos pelos fãs. Novo Aeon está incluído na lista da revista especializada Rolling Stone entre os 100 melhores discos da música brasileira ocupando a 53ª posição.
Segundo Sylvio Passos, presidente do fã-clube de Raul Reixas, o cantor "morreu dizendo que era seu disco predileto".
Lado A
1. "Tente Outra Vez" Raul Seixas / Paulo Coelho / Marcelo Motta 2:20
2. "Rock do Diabo" Raul Seixas / Paulo Coelho 2:10
3. "A Maçã" Raul Seixas / Paulo Coelho / Marcelo Motta 3:25
4. "Eu Sou Egoísta" Raul Seixas / Marcelo Motta 2:50
5. "Caminhos" Raul Seixas / Paulo Coelho 1:45
6. "Tu És o MDC da Minha Vida" Raul Seixas / Paulo Coelho 3:30
Duração total:
16:00
Lado B
1. "A Verdade Sobre a Nostalgia" Raul Seixas / Paulo Coelho 2:05
2. "Para Noia" Raul Seixas 3:50
3. "Peixuxa (O Amiguinho dos Peixes)" Raul Seixas / Marcelo Motta 2:10
4. "É Fim de Mês" Raul Seixas 3:00
5. "Sunseed" Raul Seixas / Spacey Glow (Glória Vaquer) 2:40
6. "Caminhos II" Raul Seixas / Paulo Coelho / Eládio Gilbraz 0:45
7. "Novo Aeon" Raul Seixas / Cláudio Roberto / Marcelo Motta 2:30
Duração total:
17:00
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