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sábado, 13 de julho de 2024

CD Duplo Titãs e-collection Sucessos / Remixes / Raridades / Ao Vivo

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Uma coletânea que faz justiça a esta banda que durante muito tempo foi o símbolo de criatividade no Rock Brasil. A Warner extrapolou o modelo de sua e-collection (que traz sempre um disco de sucessos e outro de raridades) com os Titãs, reunindo no volume duplo algumas músicas que não chegaram a ser hits, os hits em remixes raríssimos e uma série de gravações inéditas que certamente farão salivar os experts na obra titânica. As violentas (e boas) Cabeça Dinossauro, Estado Violência e Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas são, teoricamente, os sucessos do disco. A pop Domingo comparece na versão single e Os Cegos do Castelo, em registro ao vivo na MTV, com público cantando junto - um bonito momento. Televisão vem na gravação ao vivo do Acústico MTV (1996) e Miséria, na do Volume 2 (1998), de estúdio - a empolgante versão, com épico arranjo de cordas de Eumir Deodato, é de longe a melhor faixa daquele irregular disco e mereceria lugar em qualquer coletânea dos Titãs que se preze. Ou seja, como esta, que foi compilada pelo baterista Charles Gavin.
No CD 1 ainda estão os remixes esquecidos dos Titãs, um achado. Lá está a primitiva (para os ouvidos de hoje) mas muito inteligente remontagem feita nos anos 80 por Marcello Mansur, o Memê, para a punk Polícia. Já O Quê, no remix de Iraí Campos e Tuta Aquino, traz improvisos de MC. Mas o melhor foi o que os Titãs e João Paulo fizeram com Clitóris, do disco Tudo ao Mesmo Tempo Agora (91) - a faixa ficou eletrônica e pesadíssima, na linha de bandas como Ministry.
No CD 2 vêm as raridades de fato - em sua maioria, versões demo de faixas que ficaram de fora dos discos. E é aí que o bicho pega - Gavin conta que a ideia era que elas recheassem uma abortada caixa dos Titãs. Meu Aniversário, de Nando Reis, era para ter entrado no disco mais heavy da banda, Titanomaquia (93) - só que era um tanto amena, apesar das guitarras do arranjo, e estranha para aquele CD. Acabou sendo regravada pelo baixista em seu primeiro disco solo, 12 de Janeiro (95). E recuamos um pouco na história: em 1989, enquanto alguns dos Titãs acertavam as suas partes nas gravações do disco Õ Blesq Blom, no estúdio Nas Nuvens, de Liminha, outros iam para o estúdio de baixo, o Nas Neblinas, e passavam o tempo gravando faixas a três ou mesmo dois. De lá, saíram parcerias Arnaldo Antunes-Sérgio Britto, como Estrelas (um meio David Bowie fase Space Oddity) e o funk Aqui É Legal. Paulo Miklos também fez um punhado de músicas com Arnaldo: Minha Namorada, Saber Sangrar, Porta Principal. É de se imaginar o quanto teriam rendido caso fossem gravadas com a banda.
Uma dessas demos de 1989 acabou se revelando uma das mais hilariantes coisas já gravadas pelos Titãs: a escrachada moda de viola Fazendinha (de Marcelo Frommer, Branco Mello e Arnaldo), uma das várias composições da fase brega da banda, que rendeu até uma faixa (Baby) para Odair José. Outra engraçadíssima faixa é a Marcha do Demo, da banda fantasma Vestidos de Espaço (projeto carnavalesco que arrolava ainda Jorge Mautner e Paula Toller, do Kid Abelha), lado B de um single que trouxe o grande e único sucesso do projeto de curtíssima duração: a infame Pipi Popô (infelizmente não incluída nessa e-collection). Algo mais? Pois o CD ainda traz um remix de Eu Não Vou Dizer Nada (Além do Que Estou Dizendo) e a inédita Pela Paz, cantadas por Paulo Miklos, que haviam entrado em uma edição especial do disco Domingo, em 1996. Por fim, ainda tem a ancestral Planeta Morto, do especial infantil da TV Globo A Era dos Haley, de 85. Uma titânica e altamente recompensadora audição espera quem for encarar esta coletânea, que dá uma perfeita ideia do que era aquela usina sonora de oito cabeças (sete, depois da saída de Arnaldo Antunes).

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